Trabalho " Proposta" para Bienal de São Paulo 2012
Miguel Matos
Memória descritiva do projeto
para a Exposição da Bienal de São Paulo.
Instalação-Escultura por Miguel Matos ano de 2012.
Uma cortina de Plumas brancas ocupando o grande vão do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, com um pé direito de 15 m.
Cortina essa de tecido organza branca com plumagens brancas aplicadas de forma a encher o todo do tecido, assim criando uma leveza da peça.
Forma, de ondulação que recria as ondulações da própria arquitetura do Pavilhão da Bienal, chegando a 10cm do chão, como se estivesse a flutuar. Tendo 3 aberturas de 3 metros de altura que os visitantes pudessem trespassar de um lado para o outro assim entrando em contato físico com essa "leveza branca".
A peça e suas plumagens terão o toque do aroma de Flor de Jasmim.
Podendo de meia em meia hora o pavilhão ter o som de revoada de pássaros, do bater das assas de pássaros, o som não muito alto somente como um apontamento a própria Instalação-Escultura.
Descrição lúdica: imaginando a prorporção e as dimensões exageradas da peça assim como as dimensões do próprio Pavilhão numa brancura que se confunde com a arquitetura numa quase invisível leveza o criar um lugar de sonho sem tempo nem espaço definido, leve por matéria como uma revoada de pássaros Brancos que se desfaz ....
Sim passo por um processo de revolução assim como no Romantismo uma revolução contra a ideia de que tudo possa ser acessível ao conhecimento, que todas as minhas perguntas posam ser respondidas, não há respostas que me expliquem a vida e sobre o mundo. Não há verdades eternas, valores eternos com isso enxergo mais as diferenças do que as semelhanças. Neste mundo que não é bom, existe uma revolta individual no falar incansavelmente de nós mesmos ... Goethe "Debruço-me sobre mim e encontro um Mundo"
Melhor ver os campos verdes, as nuvens, os pássaros, o céu azul a natureza, o mar e suas ondas... é nos sonhos que encontro o alimento para minha sanidade, sim tudo me leva a crer que passo por um tempo de Romantismo nos devaneios na melancolia, nas viagens ao passado pelo desconhecido ou pelo que já nem existe mais. Meu Trabalho é auto -biográfico como eu já havia falado anteriormente, nele muitos reflexos você vai encontrar de sua própria vida espelhados em meus diálogos, nos meus trabalhos criativos na relação Homem, a vida e o mundo.
Uma aventura, nada poderia ser mais romântico.
É uma aventura meu percurso e para quem segue meus trabalhos, minha vida, nada poderia ser mais romântico que isso. Você vai olhar e compreender onde está esse Romantismo em sua história, sei disso. Se somos jovens nos refugiamos no futuro, no sonho de um futuro glorioso, e se o tempo chega, passamos a nos refugirar no passado suntuoso, sinônimo de perfeito. O presente por vezes já não nos presta, não há espaço para ser feliz, a falar de crianças abandonadas, de gente que mente, que mata, homofobia, xenofobia, corrupção, da injustiça social, a queda da Democracia. O presente neste mundo ficou sem as cores, ficou opaco.
Necessitamos de algo que nos tire dessa realidade com urgência.
É nesse entre meio entre o passado e o futuro que enquadro este trabalho que vos apresento. É no falar de mim, nas minhas criações artísticas, não para durar, mas para buscar a compreensão. Sim a minha arte é uma aventura.
Meus novos Trabalhos de escultura ou instalação é minha visão do mundo despido dos acidentes, nada tem a haver com o passado nem o futuro, é sim o instante em que se para e olha, no toque no trespassar dos nossos corpos despertando a sensação de um sonho. Num lugar onde o espaço não tem uma definição nem época nem tempo, seria como se sempre estivesse lá só que invisível, contudo é sempre uma volta ao passado uma revolução no contemporâneo alimentada pelo Romantismo.
A Natureza é o tema. O retorno a natureza consiste num retorno a si mesmo, a busca da origem perdida. No início era a natureza, a época áurea, a perfeição. Depois, veio a cultura ( o trabalho, a desigualdade) e com ela a degradação. Rousseau ( 1712 - 78)
Miguel Matos, Proposta para a Bienal de São Paulo 2012.
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